Quebrando alguns mitos do exercício físico para os pacientes com artrose.

Atualmente, os guias de atividade física recomendam no mínimo 150 minutos semanais de exercício com intensidade moderada ou 75 minutos de atividades vigorosas. Uma boa notícia é que, ao contrário do que a maior parte das pessoas imagina, não é apenas o tempo de academia ou de prática de esportes que entra nessa conta. Estudos recente vêm demonstrando que exercícios realizados de maneira fragmentada (em ciclos de 10 minutos, por exemplo) ou até mesmo os pequenos movimentos da rotina (como subir um ou dois lances de escada, ou mesmo fazer alguma atividade doméstica ficando de pé ao invés de sentado) também podem surtir ótimos efeitos.

            No entanto, uma pergunta que ouço recorrentemente no consultório é: o que eu faço se tenho alguma limitação de movimento? É aí que entra a importância do acompanhamento de um médico do esporte e do exercício. Nós somos especializados em avaliar a saúde de cada paciente para indicar as melhores soluções de atividades físicas para cada caso. Ao fazer isso, também quebramos diariamente alguns mitos que acabam afastando pacientes das atividades físicas. Pensando em quem tem esse tipo de dúvida é que hoje falaremos do caso de pacientes com artrose – os quais atendo com muita frequência e que me trazem sempre questões dessa natureza.

            O primeiro mito que precisa ser quebrado é que, definitivamente, ficar parado nunca é a melhor solução; quanto mais ativo o paciente, melhores são seus prognósticos. Evidentemente, cada caso precisa ser cuidadosamente estudado dentro de suas especificidade, mas peguemos o exemplo de pacientes com artrose no quadril e joelho. Usualmente, inicia-se o tratamento com um plano estruturado de fisioterapia até que progressivamente eles possam ser inseridos em novas atividades. Com o acompanhamento de profissionais capacitados, os efeitos positivos surgem não apenas nas articulações, mas expandem-se para sua saúde como um todo. Evidência disso é que até mesmo doenças crônicas associadas à artrose sofrem melhoras consideráveis – como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, sobrepeso, obesidade e saúde mental.

            O segundo mito que precisamos combater é que apenas caminhada seria uma atividade possível para quem tem limitações de movimento. Nunca podemos esquecer que há quadros clínicos mais graves, nos quais os pacientes não conseguem nem mesmo realizar simples caminhadas de maneira sistemática. Mesmo nesses casos, é possível pensar em opções alternativas, como exercícios na água ou em bicicleta. Esses tratamentos podem ser transitórios até que o paciente recupere sua capacidade de caminhar, mas também podem ser adotados como soluções de longo prazo, igualmente com excelentes resultados clínicos.

            O terceiro mito que costumo trabalhar junto a pacientes com artrose é a obrigatoriedade dos 10 mil passos por dia. De fato, os guias de atividades físicas recomendam esse número de passos diários e essa meta é sim indicada para a saúde geral da maior parte da população. Como hoje todos estamos familiarizadas com os monitores de passos presentes em nossos celulares ou relógios inteligentes (pedômetros ou acelerômetros), a possibilidade de monitorar essa meta em tempo real nunca foi tão possível. No entanto, para quem tem artrose, trago outra notícia: estudo recentes já mostraram excelentes melhoras nas articulações de joelhos e quadril de  quem dá pelo menos 6 mil passos diários.

            Por fim, nunca é demais lembrar que a artrose torna-se recorrentemente um fator desencadeador de aumento de peso e de comportamento sedentário porque muitos pacientes acreditam em mitos associados à doença e assim optam por evitar atividades físicas em sua vida cotidiana. O que precisamos evitar, na verdade, é que o paciente fique parado (mesmo em quadros clínicos de dores agudas) porque isso se tornar uma “bola de neve”. Quanto mais cedo ocorrer a intervenção, melhores são os prognósticos de reversão desses quadros. Além disso, paralelamente, outros fatores devem ser estimulados na vida destes pacientes para que tenham mais disposição ao exercício físico – como melhorar sua alimentação, reduzir o estresse diário, dormir bem e cultivar movimentos de prazer. Tudo isso associado aumentam as chances de sucesso do tratamento.

            Seja como for, o importante é lembrar que há soluções possíveis para todo e qualquer caso. Sedentarismo nunca é a melhor opção para ninguém. Procure um médico do esporte e do exercício de sua confiança, pois certamente ele poderá lhe oferecer uma visão bem ampla de todo esse processo, além de conectá-lo com outros profissionais de saúde que também podem ampará-lo nessa jornada; afinal, o médico do esporte e do exercício pode e deve conversar com cardiologistas, ortopedistas, fisioterapeutas, nutricionistas, preparadores físicos, psicólogos, dentre outros.

            Com profissionais capacitados e de confiança ao seu lado, sua maior missão será apenas encontrar as atividades mais prazerosas para a sua vida. Eles irão se encarregar de ajudá-lo a conquistar as condições necessárias para praticá-la. Portanto, movimente-se! Após esse primeiro passo, garanto que um novo horizonte se abrirá em sua vida.

Autor: Dr. Felipe Hardt
Referencia da foto: SKOU et All 2018. JOSPT

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