Autores: Dr. Carlos Andreoli, Dr Fabiano Cunha, Dr. Carlos Eduardo Marques, Dr. Benno Ejnisman, Dr. Moisés Cohen
Estamos em plena temporada 2013-2014, NBA, NBB, Campeonatos Europeus e várias notícias sobre lesões musculoesqueléticas no basquete estão sendo divulgadas. As equipes acabam perdendo atletas fundamentais, tais como Rose, Bryant, Leandrinho, Anderson, Greg Oden, e tantos outros, por períodos variados. Atualmente com o avanço no tratamento ortopédico, cirúrgico ou não, o retorno dos atletas à plena prática do basquete ocorre na maioria dos casos.
Greg Oden
Revisamos de 1999-2013 todas as cirurgias ortopédicas realizadas em atletas de basquete até 40 anos, atendidos no CETE – Centro de Traumato-Ortopedia do Esporte –UNIFESP, Seleção Brasileira (2003-2010) e clínica privada. O estudo retrospectivo identificou 78 cirurgias, sendo que 78% sexo masculino e 22% sexo feminino, tempo médio de prática de 11 anos, 68% membro dominante. A idade média das lesões cirúrgicas foi de 20,5 anos (14-39 anos). Tempo médio de retorno ao esporte 4,5 meses ( 1- 8 meses).
Quanto à posição do atleta, as posições mais afetadas em ordem decrescente foram: posição 2(24%), posição 5(24%), posição 4 (20%), posição 3 (18%) e posição 1 (16%). Lesões sem contato (58%) e lesões traumáticas (42%) dos casos. A literatura demonstra que as lesões traumáticas agudas são comuns na articulação do tornozelo, seguida da mão e do joelho e nas lesões por sobrecarga, atraumáticas, afetam principalmente joelho e coluna.
O procedimento cirúrgico na articulação do joelho foi a mais realizada (40%), sendo 60% reconstrução do ligamento cruzado anterior joelho, seguida da lesão meniscal 30% e da tendinite patelar com 10%,as principais afecções operadas. A segunda articul4 ção mais operada foi a articulação do tornozelo e pé (25%), sendo as afecções mais submetidas a cirurgia:s: a lesão ligamentar do tornozelo(45%), seguida da fratura do 5º metatarso (25%) e lesão do tendão do tendão de Aquiles (25%).
A articulação do joelho apresenta maior morbidade ( maior período de afastamento e casos cirúrgicos), principalmente na lesão do cruzado anterior, sem contato. Atualmente duas técnicas são utilizadas para reconstrução do ligamento com enxerto do tendão patelar ou do semitendíneo e grácil, com resultados semelhantes. O retorno ao esporte devido à lesão do LCA ocorreu em torno de 6 meses.
Principais procedimentos cirúrgicos:
1- Lesão do Ligamento cruzado anterior : 80% das lesões sem contato: Cirurgia mais comum nas atletas do sexo feminino.
2- Fratura do 5º metatarso pé: fixação com um parafuso: retorno em 4 meses. Cirurgia evolui melhor que tratamento conservador.
3- Lesão ligamentar do tornozelo: principalmente atletas posição 4 e 5, com lesões de repetição.
4- Luxação de Ombro: mecanismo traumático: 75% nas luxações de repetição.
5- Hérnia Discal Lombar: atletas da posição 1 e 5. Ressecção da hérnia.
6- Fratura de punho e metacarpo: posição 1 e 2, choque contra oponente.
7- A lesão tendão de Aquiles ocorre principalmente, em atletas com dor prévia e na 3ª década de idade.
Apesar de ser a lesão mais comum, o entorse de tornozelo, 94% evoluem bem sem cirurgia, com tratamento conservador, nas lesões repetitivas, o melhor é o procedimento cirúrgico.Nos membros superiores as lesões no ombro, luxação glenoumeral e luxação acrômio-clavicular são as mais comuns, no punho e mão , a cirurgia para as fraturas dos metacarpos são as mais realizadas.
Como podemos transformar estes dados para tentar evitar as lesões no basquete ?
1- O incremento da preparação física, com periodização seguida exaustivamente.
Ênfase no condicionamento físico.
2- Exercícios de prevenção, propriocepção e fortalecimento muscular, principalmente glúteos e membros inferiores. Nas mulheres é imprescindível, a maioria das lesões no joelho ocorre sem contato, atraumática.
3- Treinos com pausas para hidratação e programação definida.
4- Ajuste do calendário (Bom Senso B.C.) e rodízio dos jogadores.
5- Fatores externos também podem influenciar: quadras inadequadas e escorregadias, tênis inadequados e ausência da proteção de tornozelo, principalmente em atletas com lesão prévia.
O estudo demonstrou que os atletas com lesões ortopédicas submetidos à cirurgia conseguem retomar a carreira. Muitos destes atletas jogaram e permanecem jogando até hoje: Adair, Alex Garcia, Devidisson, Diogo, Fúlvio, Karen, Luana, Lucas Cipolini, Lucas Costa, Lucas Tishcer, Marcel, Nádia, Rafael Baby, Renato Lamas, Pedro, Paulo, Tamara, Tiago, Waltão.
Autores: Carlos Vicente Andreoli, Fabiano Cunha, Carlos Eduardo Marques, Benno Ejnisman, Moisés Cohen